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quarta-feira, 9 de janeiro de 2013
Em Bateias, falar no celular só se for dentro do cemitério
Felipe Rosa
Celular facilita a vida de muitas pessoas, mas para quem mora em Bateias, uma localidade de Campo Largo, o aparelho é sinônimo de caminhada e dor de cabeça. Quem quiser utilizar uma das tecnologias mais populares hoje só entrando no cemitério. Para quem não tem coragem de ficar em meio aos túmulos resta tentar a sorte em frente ao portão.
“Os coitadinhos dos mortos que estão fazendo milagre para conseguir uma ligação para nós”, brinca com a situação a diarista, Eva Aparecida Santos, 35 anos.
E o uso do cemitério como ponto para fazer ligações é constante. O coveiro Marcelo Siqueira dos Santos, 37 anos, diz que ganhou companhia no trabalho com o aumento do número de celulares na região, mesmo que o sinal seja precário e praticamente inexistente, cada dia aprece um novo usuário e frequentador do cemitério. Os jovens e adolescentes são os maiores “clientes” de Marcelo.
“Antes eu era rodeado pelos mortos, agora sou rodeados pelos vivos. E você acaba ouvindo as conversas, e rindo dos assuntos. Sei da vida de muita gente aqui”, conta o coveiro, aos risos.
Marcelo também virou uma espécie de guia de sinal de celular. É ele quem orienta os moradores sobre os principais pontos para usar o aparelho e o trabalho começa cedo. “Abro o cemitério às 7 horas e já tem fila aqui. A meninada que estuda aqui ao lado fica esperando para usar o telefone e faz fila em frente ao túmulo número um, que é onde pega melhor o telefone”, conta Marcelo, que se diverte com as brigas dos casais de adolescentes. “Ele ficamos e desculpando porque têm que falar mais alto, gritar para o outro ouvir, Já ouvi cada coisa”, relembra o coveiro.
Mas há quem não goste de ficar entre os túmulos. A comerciante, Marina do Carmo Vichinheski Lovato, prefere ficar sem ligar se tiver de ir ao cemitério. “Não viu e nunca fui. Uso o telefone fixo se der ou não falo”, conta Marina.
A operadora TIM admitiu, através de nota, que seu sinal não está disponível na região de Bateias, mas que está analisando a possibilidade de ampliar o atendimento. “A TIM informa que não possui cobertura na localidade de Vila Bateias, um Distrito do município de Campo Largo - na região metropolitana de Curitiba - mas que vai analisar a demanda e verificar a possibilidade de desenvolvimento de estudos ao longo de 2013”, divulgou.
A operadora Claro não explicou a razão dos problemas na região, apenas afirmou que tem feito investimentos em melhorias. “A Claro informa que investe constantemente em qualidade e infraestrutura de rede, na região metropolitana de Curitiba, para oferecer aos seus clientes sempre os melhores serviços.”
A OI e a Vivo não atenderam às ligações da reportagem.
Usar o cemitério como ponto de uso de celulares virou uma grande brincadeira entre os moradores de Bateias, localidade de Campo Largo, mas também é um grande problema para todos da região. Quem não tem telefone fixo sofre também pela falta de orelhões.
A diarista Eva Aparecida Santos, 35 anos, teme pelos filhos. Ela trabalha na Rodovia Engenheiro Ângelo Ferrário Lopes e deixa os três filhos sozinhos na chácara onde mora.
“Lá não pega celular, não temos telefone fixo e nem orelhão e preciso caminhar meia hora para chegar até lá. Se acontecer alguma coisa, como vamos fazer para avisar ou socorrer?”, questiona.
O jovem Márcio Rosa dos Santos, afastado por invalidez pelo INSS, sabe bem o que é precisar de um telefone e não encontrar nenhum por perto. Há alguns anos, ele sofreu um acidente de moto e ficou por horas esperando pelo socorro. “O celular não tinha sinal e o orelhão não funcionava. Minha mãe teve de andar um tempão até conseguir chamar uma ambulância. Fiquei cinco dias na UTI”, relembra Márcio.
Os comerciantes lamentam não poder vender mais. Uma torre que gerasse bom sinal aumentaria a procura por recargas de celular.
“Venderia mais. Toda semana eu recebo recarga, mas se tivesse a torre seria muito melhor”, explica Marina do Carmo Vichinheski Lovato, que oferece cartões de todas as operadoras.
E não são apenas moradores da região que são afetados. Turistas, viajantes e trabalhadores que prestam serviço em Bateias são diretamente atendidos. “Já perdemos serviço porque o telefone não pega aqui”, lamenta Maycon Talamini, 22 anos, técnico em mecratônica, que está prestando serviços na região com o amigo Luiz Henrique de Ávila Sabino, 19 anos.
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